Opinião de Demetrio Carneiro, economista, especialista em políticas públicas, dirigente do PPS e da FAP (Fundação Astrogildo Pereira):
Reconheço
que o PPS, depois de tantas idas e vindas, precisa mesmo melhorar a sua
autoestima e buscar uma identidade positiva e que a candidatura própria é uma
excelente forma de fazer isto.
Se,
adicionalmente, isso for consolidado e passado à sociedade realmente pode ser
relevante. Entre os mais de 30 partidos brasileiros o PPS ainda é um partido
cujo passivo, mesmo tendo equívocos, ainda é algo a se orgulhar e ser exposto
de peito aberto à sociedade. É, nem todo o mundo da política é podre...
Há
problemas a se considerar, mas por agora as pessoas estão mais preocupadas com
o lado bom da proposta, o que é natural. Por mais que a burocracia da política
diga que grana e tempo de TV são tudo, nossas raízes mais remotas ainda são,
ilusoriamente ou não, as de um partido de militância e as pessoas precisam
mesmo de uma injeção de ânimo pra se disporem a enfrentar a imensa máquina
federal, seu enorme tempo de TV e seus bilhões de reais.
Apenas
espero que todo o entusiasmo não deixe passar a necessidade de que esta “cara”
precisa de conteúdo e que o conteúdo necessariamente envolve um programa de
governo denso, não por excesso de páginas, mas pelos temas, e que seja capaz de
colocar na mesa as demandas de nossa realidade. O “transformar”, o “mudar”, o
“alternativo”, enfim o “novo” precisa ser muito bem explicado frente ao “mais
do mesmo” e seus compromissos patrimonialistas e assistencialistas.
Demetrio
Carneiro
Resposta da ex-vereadora Soninha Francine:
Boas ponderações, Demetrio.
SE é verdade que o partido só tomará uma decisão na
Convenção no ano que vem, não entendo por que não podemos COGITAR a candidatura
própria como uma das alternativas, e você o faz, com pé no chão.
Opinar "acho que é melhor não termos candidatura
própria" é LEGITIMO. Mas dizer "não venham com essa besteira de
discutir candidatura própria" é um desrespeito a quem acredita que essa é
uma das 3 alternativas ainda colocadas.
Parar de discutir isso agora é sufocar o partido na
antecipação de uma decisão polarizada: "Aécio ou Campos? Escolham um dos
dois e fim de papo".
Aí nem adianta falar de programa de governo... E não me
preocupa nem um pouco a "falta de conteúdo", porque o que o partido
produziu nesses últimos anos é MUITO consistente e coerente, é amplo e
aprofundado. E no fim vira um documento entregue às mãos de um candidato que dá
~muita~ importância a ele...
Claro, sou realista e pragmática, não vamos deixar
de apoiar Aécio e Campos se eles não assumirem compromissos reais com nossa
plataforma (e é claro que não vão, porque tb são realistas e pragmáticos),
queremos nos fortalecer no Congresso e o melhor para o Brasil, pfv. O que quero
dizer é que conteúdo o partido tem e me orgulho muito dele. Mas se vetarem o
debate sb as 3 alternativas em vez de duas... Adianta mergulhar nisso?
