Espaço criado por militantes e simpatizantes do PPS, para debate interno em período congressual, sem qualquer vínculo com a direção do partido

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Como se cria a tal "densidade eleitoral"?

Entre todos os argumentos de quem combate a proposta de candidatura própria do PPS, que são legítimos e merecem respeito, eis os mais repetidos:

1) Falta de estrutura (dinheiro + tempo de TV)

2) Falta de ressonância interna / externa (numa eleição que, em tese, já tem as 3 vias postas)

3) Falta de densidade eleitoral (realmente, não temos nenhum nome que apareça nas pesquisas)

Então, vamos lá: como resolver esses 3 problemas? (se é que queremos, de fato, resolvê-los...)

O que fazer para o PPS ter mais estrutura e tempo de TV?

Como conseguir mobilizar o partido e criar condições para mostrarmos a nossa cara?

Afinal, somos diferentes dos outros partidos e candidatos já lançados? Ou somos mais do mesmo?

Consideramos exatamente iguais as candidaturas colocadas de Eduardo/Marina e Aécio? Por que? E qual delas agrega mais? Quem é melhor para o país? E para o PPS?

Considerávamos Eduardo, e Serra, e Marina, melhores que Aécio. Ao menos há declarações neste sentido em toda a imprensa. Mudaram eles ou mudamos nós, desde as avaliações anteriores? Mas, afinal, quem mudou, mudou para melhor ou para pior? Por que?

Voltando à pergunta inicial...

Como se cria a tal "densidade eleitoral", senão a partir do lançamento de candidaturas próprias e consequentemente da construção de pontes e da inserção mais consistente em segmentos sociais? Há outro modo?

Usa-se pejorativamente o exemplo de partidos como PSTU e PCO, microlegendas folclóricas que nunca elegem seus parlamentares, apesar da insistência em candidaturas próprias. Mas será realmente este o objetivo desses partidos? Ou a subsistência deles em seus segmentos, sobretudo nos meios sindical e estudantil, basta para suas pretensões?

Usa-se o PSOL: Elegeu apenas 3 deputados federais, mesmo após duas candidaturas presidenciais sucessivas (Heloísa Helena em 2006 e Plinio de Arruda Sampaio em 2010). Ok, é uma bancada reduzida. Mas altamente qualificada e com ressonância social e midiática. Cumpre o papel a que se dispõe. Ou não?

E o que representaram nas eleições essas candidaturas "outsider" de Heloisa e Plinio? Foram ruins para o país? E para o debate político?

E o significado da candidatura majoritária de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro. Foi ruim?

Pela história recente do PSOL, pela sua origem de dissidência petista justamente quando o PT estava em pleno vigor, no governo, e pelas limitações políticas e ideológicas desta legenda, talvez seja uma vitória. Ou não?

E o PPS? Quer se comparar a PSTU, PCO e PSOL? Quer sobreviver a 2014? Quer reforçar o estigma de força auxiliar dos tucanos? Quer se somar à "terceira via" anabolizada com a união de Eduardo Campos e Marina (o tal "soco no fígado" de Lula)? Quer ter candidatura própria? Quer decidir isso democraticamente? Quer que lhe imponham uma decisão? Quer ter múltiplas propostas em debate ou reduzir ao pensamento único?

Como o PT e o PSDB, os dois maiores partidos "ideológicos" do país - e que, não por acaso, polarizam as eleições no país desde 1994 - construíram a sua "densidade eleitoral"?

O PT lançou Lula ao Governo do Estado de São Paulo em 1982, deputado em 1986, presidente da República em 1989, 1994, 1998. Foram 20 anos (!!!!) com o nome de Lula na urna para ele finalmente chegar à Presidência da República em 2002. Duas décadas.

Em 1982, entre 5 candidatos ao Governo paulista (Montoro, Reynaldo de Barros, Jânio Quadros, Lula e Rogê Ferreira), o hoje imbatível e mitológico Lula ficou em penúltimo, à frente apenas do saudoso Rogê (PDT). Deveria desistir? Aliás, em 30 anos de disputa com candidatura própria, o PT NUNCA ganhou o Governo do Estado? O que recomendariam os estrategistas que não enxergam vantagem nenhuma em candidatura própria?   

Em 1982, o PT elegeu só 6 deputados federais por São Paulo: Djalma Bom, Eduardo Suplicy, Bete Mendes, Irma Passoni, Airton Soares e José Genoíno.
O PDS fez 16 deputados. O PMDB fez 30.
O deputado federal mais votado de São Paulo foi Maluf, com 672.927 votos. Mais que a soma do 2º e do 3º colocados, Samir Achoa e Mario Covas.
O que deveria ter feito o PT? Desistido de lançar chapas próprias?

Bom, o PT poderia ser exceção. Então vamos avaliar o caso do PSDB...

O PSDB, costela do velho PMDB, lançou José Serra a prefeito de São Paulo em 1988. Ficou em 4º lugar, beeeem atrás de Erundina, Maluf João Leiva (PMDB).  

Antes disso, em 1985, lembremos que, ainda no PMDB mas já expoente da tendência pré-tucana, Fernando Henrique Cardoso teve uma derrota humilhante na corrida à Prefeitura de São Paulo para Janio Quadros, com direito a micos como não saber onde se localizava o bairro de Sapopemba, cair na pegadinha de Boris Casoy sobre não acreditar em Deus e até sentar na cadeira de prefeito crente na vitória (cadeira desinfetada depois pelo prefeito eleito Janio). O final da história é conhecido: nove anos depois, FHC chegaria à Presidência da República, eleito em 1994 e reeleito em 1998 com os pés nas costas. Graças, em grande parte, à aposta nas candidaturas próprias.

Em 1992, o PSDB lançou Fabio Feldmann à Prefeitura. Repetiu o 4º lugar da eleição anterior. Ficou beeeem atrás de Maluf, Suplicy Aloysio Munes (PMDB). 

Em 1996, o PSDB repetiu a dose com José Serra à Prefeitura. Perdeu feio, de novo. Dessa vez ficou em 3º, mas beeeem longe do 2º turno com Pitta e Erundina.

Em 2000, lançou o vice-governador Geraldo Alckmin à Prefeitura. Apesar de toda a máquina do governo estadual e do apelo emotivo de Mario Covas doente, não chegou nem sequer ao 2º turno, disputado por Marta Suplicy e Maluf.

Finalmente em 2004, 16 anos depois da primeira candidatura do PSDB e na TERCEIRA tentativa de José Serra (após 1998 e 1996), além da primeira derrota como candidato à Presidência em 2002, ele foi eleito prefeito de São Paulo.  

Será que lançar candidatura própria é mesmo assim tão ruim para os partidos?

Com a palavra, os nossos dirigentes, militantes e candidatos...